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Resenha | Justa – Aracy de Carvalho e o Resgate de Judeus: Trocando a Alemanha Nazista Pelo Brasil

Ficha Técnica:
Autor: Mônica Raisa Schpun
Ed. Civilização Brasileira
2ª Edição, Rio de Janeiro 2011.
História, Reportagem Memorialista, Era Vargas, 2ª Guerra Mundial, reflexos, trajetória de duas mulheres.

A autora realizou intensa pesquisa em arquivos públicos, particulares e entrevistas, inclusive com uma das protagonistas: Aracy de Carvalho Moebius Tess, que após separação conjugal no Brasil, procurou reconstruir a vida na Alemanha, em Hamburgo, em 1934. Conseguiu emprego no consulado brasileiro onde o seu segundo marido, diplomata e escritor Guimarães Rosa, iniciava carreira. Acabou como responsável burocrática pelo setor de passaportes. Nesta ocasião a sua vida cruza com a de Margareth Levy, que pretendia fugir com o marido. Há uma comparação do espaço social entre São Paulo e Hamburgo. São abordadas as crescentes dificuldades para a saída da Alemanha. Houve a instituição de um imposto, o “reichsfluchtsteuer”, criado para pagar as obrigações resultantes do Tratado de Versalles, sofreu elevação para 50 mil Marcos. Outro instrumento fiscal foi o bloqueio de valores incidindo diretamente sobre contas bancárias de judeus (uma espécie de Plano Collor). No Brasil, procurava-se evitar o enorme fluxo de fugitivos e foi implantado um regime de cotas. Comenta o Decreto 3.175/41, que limitou drasticamente a entrada de judeus no Brasil. Comparativo entre corrente de fugitivos, os primeiros fugindo dos “pogroms”, do Império Russo e os mais recentes fugitivos do nazismo. As dificuldades para obter a Carteira Modelo 19, identidade do imigrante. Em dado momento, Aracy passa a omitir nos pedidos dos judeus a letra “j”, que deveria colocar. Criou-se uma tocante amizade entre as duas mulheres, que se reencontraram no Brasil. Margareth associada a outras pessoas, indicou o nome de Aracy à homenagem do título de “Justa entre as nações”, concedido pelo Museu do Holocausto em Jerusalém, é a única mulher homenageada. “Em nenhum momento ficar imóvel diante do destino”. Margareth faleceu aos 102 anos, em 21 de fevereiro de 2011, e Aracy no dia 03 de março do mesmo ano, também aos 102 anos. Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 3435/2012, para inscrever o nome de Aracy no livro dos Heróis da Pátria. Recomendo, uma história tocante.

Os textos publicados não refletem necessariamente a opinião da AJUFERGS. O blog é um meio de convergência de ideias e está aberto para receber as mais diversas vertentes. As opiniões contidas neste blog são de exclusiva responsabilidade de seus autores.


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Comentário

  1. Tania Cardoso Escobar

    Parabéns, Marga, pela ótima abordagem dos comentários e pelos projetos desta vida em cultivar rosas de pedra

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