No dia 30 de junho de 1862 foi publicado o capítulo final de sua novela épica “Os miseráveis”, o que nos leva a também lembrar e homenagear esta alma gigantesca.

O Google elaborou um doodle (banner de imagens animadas) homenageando Victor Hugo com a representação de três grandes momentos/obras do artista. Na homenagem do Google são retratados três momentos históricos. Em 1831 era publicada a obra “O Corcunda de Notre Dame”, em 1856 a coletânea de poemas “As contemplações” e, entre tais data inicia e encerra apenas em 1862  “Os miseráveis”. Diversos sites de jornalismo noticiaram a justa homenagem, tais como a Veja  e El País.

A sensibilidade de Victor Hugo permite, tal qual um impressionista com a tinta e a tela, imprimir as várias tonalidades da alma humana durante o desenrolar de seus diversos momentos, bem como apresentar a soma dessas cores e impressões que resultou na sociedade parisiense da época.

Acompanhamos Jean Valjean desde a prisão (lá jogado por ter roubado um pão para alimentar seu sobrinho e lá permanecendo por longos 20 anos em razão de seu mau comportamento), sua tentativa de ressocialização e o reinício de sua vida. Colocamos nosso olhar sobre o Inspetor Javert, símbolo daqueles que se entendem justificados com a necessidade de fazer infligir sobre os réprobos toda a força esmagadora da justiça, colocando de lado a ressocialização do apenado. Por fim, emocionamo-nos com Fantine, desiludida e abandonada, que luta para alimentar sozinha sua filha Cosette, bem como contra o preconceito de que seria uma possível ladra de maridos das demais colegas casadas.

Não pretendemos adiantar mais o enredo. Recomendamos, isso sim, que o caro leitor se permita acompanhar as idas e vindas do Espírito e do discurso de Victor Hugo, pois:

“Na realidade, a arte do escritor consiste principalmente em fazer-nos esquecer que ele está empregando palavras. A harmonia que procura é uma certa correspondência entre as idas e vindas de seu espírito e as de seu discurso – correspondência tão perfeita que, transportadas pela frase, as ondulações de seu pensamento se comunicam com o nosso e então cada uma das palavras, tomadas individualmente, já não importa: não há mais nada além do sentido movente que atravessa as palavras, mais nada além de dois espíritos que parecem vibrar em uníssono diretamente, sem intermediário” (BERGSON, Henri, A Energia Espiritual, A alma e o corpo, São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009, p. 46).

Para tanto, leia o livro de Victor Hugo, assista ao filme de 1998 (com Liam Neeson como Jean Valjean) ou ao filme-musical de 2012 (com Hugh Jackman no papel de Jean Valjean e Anne Hathaway interpretando Fantine). Por fim, sendo possível, presenteie-se com o musical da Broadway recentemente lançado no Brasil (em cartaz no Teatro Renault em São Paulo) todo em português e com produção primorosa.

Emocione-se. E seja feliz.

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