Ficha Técnica:
Título: “A vida imortal de Henrietta Lacks”.
Título original: “The immortal life of Henrietta Lacks”
Autora: Rebecca Skloot.
Tradução: Ivo Korytowski.
Editora Cia. das Letras, 2011, São Paulo.
Gênero: Não-ficção, sec. XX, pesquisas médicas, indústria farmacêutica, cobaias humanas, comercialização de material biológico.

A notícia estampada na Folha de São Paulo, sábado, 8 de julho de 2017, Cotidiano, sob o título “Baixo preço faz empresas tirarem do mercado remédios essenciais”. “Das 1748 drogas canceladas entre maio de 2014 a junho de 2017, 63% foram por motivo comercial”.

O texto menciona a aflição de doentes que não conseguem mais comprar medicamentos, pois deixaram de ser produzidos, geralmente drogas antineoplásicas mais baratas, mas nos casos concretos resolutivas e toleradas pelos doentes. Os pacientes então ficam órfãos, segundo a médica Maria Inez Gadelha, do Ministério da Saúde. Os laboratórios forneceram explicações e o Ministério da Saúde afirma que os preços das drogas estão sendo revisados. A pesquisa científica é importantíssima e as indústrias farmacêuticas tem um relevante papel social a cumprir no progresso da ciência médica. Por outro lado, os doentes merecem consideração e respeito. A controvérsia faz por lembrar de uma obra que aborda o progresso da ciência médica. A autora, Rebecca Skloot escreve sobre ciência e leciona escrita científica. Ainda na vida acadêmica ficou interessada pelo caso das células HELA. Pesquisou e realizou entrevistas com familiares da paciente Henrietta Lacks. As células HELA foram desenvolvidas a partir do tecido cervical da paciente Henrietta, fato que mudou os rumos da medicina. Pois bem, a obra recupera a história de vida dessa mulher, desde o início da jornada dolorosa e extraordinária em uma enfermaria pública para “pessoas de cor”, do renomado Hospital Johns Hopkins, em 1950. Na época, pacientes das enfermarias públicas eram usados para pesquisa, normalmente sem que soubessem. Entendia-se que era uma forma de pagamento pelo tratamento recebido. Impressiona o capítulo “O nascimento de HELA”, que aborda o início das pesquisas médicas e condições de sua realização. A autora acompanha a trajetória dos filhos e netos da modesta família da enferma, que não receberam qualquer pagamento ou benefício por parte dos pesquisadores e farmacêuticas. O texto é forte, e retrata a realidade da época. Foi adaptado para o cinema, filme original do HBO, com Oprah Winfrey. Muitas questões sobre ética médica podem ser desenvolvidas a partir dos fatos relatados. Uma leitura impactante, forte e retrata a realidade.

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