Considerando a si mesmo como o mais feliz de todos os homens, Creso vai dormir e sonha com a morte de seu filho Átis por uma ponta de ferro. Após acordar perturbado com o sonho, determina que não haveria qualquer ponta de ferro dentro do castelo.

Contudo, apesar de todas as providências tomadas, Creso perde seu filho Átis traspassado por uma lança acidentalmente. Após o luto, Ciro[1], filho de Cambises, invade a Lídia e conquista a capital Sárdis.

O poderoso rei Creso é aprisionado. Colocado em uma enorme pira com toda sua família, suspira e lamenta, depois de uma longa calmaria, dizendo por três vezes o nome de Sólon.

Ciro fica curioso e pergunta quem era esse que o rei invocava, tendo Creso dito ”Aquele que eu desejaria a todos os tiranos, por grandes somas de dinheiro, que fossem as suas discussões[2]. Após a vida de Creso ser poupada, a narrativa de Heródoto segue suas investigações.

Creso admite perante o rei vencedor que Sólon tinha razão. Constata que somente podemos saber se somos felizes no final de nossas vidas, pois, durante cada um de nossos dias dias (que nunca são iguais), alternam-se momentos de alegrias e tristezas. Conclui que a impermanência é a principal característica de nossa caminhada neste planeta.

O estudo de Harvard comprova que investir em nossos relacionamentos no presente é a melhor (e mais efetiva) maneira de construirmos nossa felicidade no futuro e a lição de Sólon demonstra que (1) somente poderemos saber se somos felizes no final de nossas vidas e (2) os momentos de alegria e tristeza alternam-se de forma impermanente.

Reforçada a esperança de que eventual momento de tristeza irá passar e a certeza de que podemos trabalhar para que mais momentos de alegria frutifiquem em nosso futuro, é possível responder à pergunta inicial deste artigo:

  • Sim; é possível ser feliz se dedicarmos nossas energias ao cultivo de relacionamentos, construindo pouco-a-pouco nossa felicidade, mesmo que momentos infelizes ocorram durante essa caminhada.

Sejam felizes.


[1] Rei da Pérsia entre 559-530 a.C., recebeu o epíteto de “O Grande”, por ter conquistado todos os povos vizinhos e fundado o Império Aquemênida, o maior de seu tempo.

[2] Ob. citada, p. 90.

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