ATUALIDADES QUE FORAM: A CULTURA NA MORTE OU A MORTE DA CULTURA

Nesta aridez de três desertos (Nelson Rodrigues) no campo da produção cultural, as novidades e grandes agitações somente ocorrem quando alguém passa para o lado de lá. Ademais, sempre é bom ler cuidadosamente os avisos fúnebres dos jornais, pois às vezes a gente tem surpresas agradabilíssimas (Millor). Por exemplo, a morte do escritor Philip Roth, o Woody Allen da literatura, segundo Bernardo Ajzenberg, causou um aumento na procura de seus livros. Outros, que a Moura Torta nos arrebatou no seu cavalo pálido (Erico Verissimo) ensejando uma enxurrada de resenhas, artigos, reportagens, ArquivoN, etc, foram Luiz Carlos Maciel, Carlos Heitor Cony, Tom Wolfe, Eva Sopher, Tônia Carrero, Milos Forman, Agildo Ribeiro, Mario Barbará, Nelson Pereira dos Santos, dentre outros.
Assim, aguardamos os relançamentos, releituras, maratonas, reprises de tudo que foi produzido nas artes nestes últimos cinquenta anos ou mais, quando do passamento do João Gilberto, Rubem Fonseca, Jean-Luc Godard, Dalton Trevisan, Keith Richards (este é inquebrantável, só tem 74 anos biológicos e 1330 lisérgicos), Luis Fernando Verissimo, Zuenir Ventura, Cacá Diegues, Ruy Guerra, Luiz Carlos Barreto, Daniel Cohn-Bendit, Kirk Douglas (101 anos), Jane Fonda, Peter Fonda, Jack Nicholson, Jimmy Carter, Mario Vargas Llosa, Thomas Pynchon, Sérgio Mendes, Marcos Valle, Carlos Lyra, João Donato, Roberto Menescal, Erasmo Carlos, Zé Celso Martinez Corrêa, Paul Williams, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Jean-Pierre Léaud, Jean-Paul Belmondo e muitos outros que ainda insistem em respirar.

THE BOOK IS ON THE TABLE: “STONER”

Minha amiga e colega Ivanise Corrêa Rodrigues Perotoni me deu de presente o livro Stoner do escritor americano John Williams (1922-1994). Excelente. Recomendo.
Bom livro.

FILMES QUE NÃO ESTARÃO NAS LOCADORAS

Não posso deixar de referir um filme que está na NETFLIX. Mesmo que argentino. Chama-se “O Cidadão Ilustre”.
Bom filme.

MÚSICA DA SEMANA (I)

Encontrei na bibliografia do falecido Tom Wolfe um livro de 1981 chamado “Do Bauhaus ao nosso caos”. Trata-se de uma análise da arquitetura e do estilo de vida norte-americano. Daí foi um pulo para eu pensar naquela banda inglesa chamada, vejam só, Bauhaus. O álbum de estreia desta banda de rock gótico foi o “In the Flat Field” de 1980, que eu ainda tenho em formato de CD (!)
Mas no que interessa, eles gravaram um cover do clássico do David Bowie (do disco “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars), “Ziggy Stardust”:

Fizeram mais. Gravaram aquela música de mais de nove minutos “Bela Lugosi’s Dead” (uma referência a estrela do cinema de terror Béla Lugosi: ver “Ed Wood”, filme de Tim Burton de 1994). Tal música foi trilha sonora do filme “Fome de Viver” de 1983 do diretor Tony Scott (irmão do Ridley):

Depois, lamentavelmente se separaram e a banda seguiu sem o seu vocalista Peter Murphy, mas com o nome de “Love and Rockets”. Grande banda também:

Peter Murphy solo fez bastante sucesso:

Já o guitarrista Daniel Ash, não fez tanto sucesso assim, mas seu primeiro disco solo de 1990 (Coming Down), para mim, é um clássico muito do cult:

Bom som!

MÚSICA DA SEMANA (II)

O escritor Roberto Pompeu de Toledo fez o seguinte registro histórico sobre a aurora da Bossa Nova, ao dizer que: “O LP que trazia Chega de Saudade em uma de suas faixas chamava-se Canção do Amor Demais e era estrelado pela já consagrada cantora Elizeth Cardoso. As novidades eram a dupla de compositores, Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, e o violonista que acompanhava Elizeth em algumas das faixas, João Gilberto. Por isso, entrou para a história como o marco zero da bossa nova.
De fato, foi neste disco de Elizeth Cardoso, lançado em 1958, que surgiu a inédita canção “Chega de Saudade”, que depois viria a ser um grande sucesso na voz de João Gilberto. Aliás, o disco foi um fracasso de vendas como registrou Ruy Castro no livro “A noite do meu bem” (p. 402).
Mas essa história ficou imortalizada naquela composição de Toquinho e Vinícius de Moraes, “Carta ao Tom 74”, que principia dizendo: “Rua Nascimento Silva, cento e sete/Você ensinando prá Elizeth/as canções de canção do amor demais.”
Eis:

Boa canção, ou samba-canção!

CITANDO E RECITANDO

Triste est omne animal post coitum, praeter mulierem et gallum”. (Todo animal é triste depois do coito, menos a mulher e o galo, de Cláudio Galeno, 129dc-217dc)

Garrastazu/Stalin/Erasmo Dias/Franco/
Lindomar Castilho/Nixon/Delfim
Ronaldo Bôscoli/Baby Doc
PapaDoc/Mengele/Doca Street
Rockfeller/Afanásio
Dulcídio Wanderley Bosquila
Pinochet/Gil Gomes/Reverendo Moon
Jim Jones/General Custer/Flávio Cavalcante
Adolf Hitler/Borba Gato/Newton Cruz
Sérgio Dourado/Idi Amin
Plínio Correia de 
Oliveira
Plínio 
Salgado/Mussolini/Truman/Khomeini
Reagan/Chapman/Fleury

(música dos Titãs, “Nome aos Bois”)

Seu Erico, o escritor de verdade escreve naturalmente como quem mija. Não vá muito atrás dessas novidades que andam por aí e que na maioria dos casos não passam de truques inventados por quem não sabe contar histórias.
(Monteiro Lobato, 1882-1948, para Erico Verissimo, 1905-1975, “Solo de clarineta”, vol. 1)

Os textos publicados não refletem necessariamente a opinião da AJUFERGS. O blog é um meio de convergência de ideias e está aberto para receber as mais diversas vertentes. As opiniões contidas neste blog são de exclusiva responsabilidade de seus autores.