Foi no princípio dos tempos,
foi no início de tudo,
foi quando a rosa dos ventos
se pôs a girar o mundo.

Eram dias nevoentos,
eram noites de breu puro
e o mais profundo silêncio
no mais terrível dos mundos.

Os habitantes das casas
dispersas no quase-nada
oravam perante as brasas
mas criam, sim, nas adagas.

Pois rondavam, temerários,
feito gigantes morcegos
sobre patas de cavalos
sempre a morte prometendo.

Chapéus negros, negros ponchos,
ombros erguidos de águia,
braços longos, finas garras,
ventas enormes de assombro,
pavor insone nas casas,
serão monstros, serão homens,
serão deuses ou fantasmas?
Serão monstros, serão homens?

Surgiam na noite vaga,
vagavam na névoa gris,
talvez homens, talvez almas
que o purgatório não quis.

Fugidos dos entreveros,
feitos de ódio e de medo,
vagando pelos invernos,
sempre matando e morrendo.

Ficaram no vão da história,
não saberemos agora
se foi por medo ou por glória,
se foi ocaso ou aurora.

Chapéus negros, negros ponchos,
ombros erguidos de águia,
braços longos, finas garras,
ventas enormes de assombro,
pavor insone nas casas,
serão monstros, serão homens,
serão deuses ou fantasmas?
Serão monstros, serão homens?
Pavor insone nas casas,
serão deuses ou fantasmas?
Chapéus negros, negros ponchos,
serão monstros, serão homens?

Música de Roberto Schaan Ferreira e Vinícius Brum
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